sexta-feira, agosto 29, 2008

turn back in www.deviantart.com


Estendo o braço até ao


outro lado da cama.


Tenho frio.


Viro a palma da mão


para cima, mas


o toque do edredão não


é o da tua pele.


Tenho frio.


Desenho um semi-círculo com a


mão, mas não sinto senão o


calor do meu corpo, fugaz,


falso como o de um cobertor eléctrico.


A outra mão escreve.


Cloud by Sys32r in www.deviantart.com


se não fosse de carne e osso
seria uma nuvem
de certeza que seria
uma nuvem
escura a nuvem traz a
sombra para onde vai
a nuvem
Paper Bleeds in www.deviantart.com


Trago um caderno
ao peito,
onde me escrevo e me sinto.
Um monstro
esfaqueou o meu caderno.
Páginas vermelhas
esvoaçaram pelo ar.
Letras,
linhas,
vidas,
letras,
linhas,
vidas
tortas…
em direcção ao
chão.
Alguém me vende um
Coração?

sexta-feira, junho 22, 2007

Names_on_the_Wall_by_D4RKW1N65 in www.deviantart.com

Tenho o quarto cheio de recordações
vazias...
Não gosto do branco das
paredes.
Cubro-o de coloridas
lembranças.
Recortadas, nem parecem as
mesmas, coitadas!
As horas são de monotonia.


Assim é o relógio, tic-tac,
tic-tac...
Não quebres a corrente, que
perdes o fio à meada.


Nada, não sinto nada.

je-t-aime-wall in www.lesjetaimes.com

“Tenho a impressão de já nos termos cruzado. Não tenho a certeza, mas acho que já te vi antes. Tens uma espécie de olhar místico. Existe realmente qualquer coisa de especial quanto ao teu olhar. Acreditas em espíritos? Eu interesso-me por esse assunto. Talvez nos tenhamos conhecido noutra vida, noutra era. É bizarro, mas quando te vi, senti necessidade de falar contigo. Como se...não sei bem.... É algo de forte... É esquisito. Senti que se não falasse contigo antes de desaparecer, iria perder algo de significativo... Importante... Isso é lindo, não é?
Trabalhas num belo lugar. Não queria perder a oportunidade de falar contigo, porque... É estúpido, mas não a queria perder. De qualquer forma... Posso? Acreditas em almas gémeas? Alguém que é o complemento de alguém? Gostas de Jazz? Charlie Parker? E de Kurt Cobain? Eu adoro Kurt Cobain. Não interessa. Vou dar-te o meu número. Adorei falar contigo. Se quiseres falar comigo. Para termos uma conversa mais séria e, principalmente, mais longa. Mais longa... Toma.”

“Diálogo” numa das curtas do Paris Je T’Aime

quinta-feira, junho 21, 2007


restam-me os ténis esquecidos, e a cidade evade-se por todos os seus buracos. a camisa deste-ma tu em troca doutra que estivesse limpa. a suja visto-a eu quando imito a tua voz, e esse estremecer de ombros ao enrolares as mangas. encontro-me depois no cheiro a suor do colarinho. mas os ténis, esses durmo com eles, e na escuridão da imensa cama fodo com os seus buracos.
Al Berto in O Medo

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Dear_Diary_by_whorer_movie in www.deviantart.com

Temos uma necessidade constante de nos apaixonarmos, não pelas pessoas, mas pelos sentimentos que elas nos proporcionam.

A paixão é efémera, volátil como um gás. Para a consumir basta apenas o acender de uma chama, venha de onde vier, seja de quem for.

Apaixonei-me pela ideia de alguém que não me deixou pô-la à prova.

Lamento. Não sabes quanto.

Sê feliz.
Metaphors_and_magic_by_nuozek in www.deviantart.com




Sonho com o teu beijo árido

de ser agreste

Sonho que me envolvo no teu corpo de areia

Sinto-o deslizar pela minha pele e a fugir

por entre os meus dedos de hortelã, tão fresca

Será que sentes o prazer da água

que me corre nas veias

É ela que desejas, não eu

Por isso, não me olhas

Tens medo de enfrentar o fogo

dos meus olhos ao encontro dos teus

Tens medo de te perder em mim

Assim como eu me encontro

ao ver-te
the_midnight_disease_byfreakingMuse in www.deviantart.com

Fui apanhada pelo corropio do tempo e sinto-me encurralada no meu próprio espaço. O silêncio da noite envolve o meu quarto, enlaça com os seus braços a cidade e engole-me devagar.

A minha alma grita, fundindo-se numa multidão de suspiros dilatados.

De mim, nunca mais sairão palavras ou sons.

As lágrimas amordaçaram-me a boca, selada pela cristalização do sal.

Se fosse leve poderia fugir.
darknessmyoldfriend_by_MsBizarre in www.deviantart.com


há tempos li isto algures, escrito por não sei quem que agora não me lembro, mas sinto-o como se fosse meu


"Queria dizer-te uma coisa que nunca te disse. Mas nunca vem a propósito. Quando ficas em silêncio muito tempo apetece-me quebrá-lo e dizer-te assim sem mais nem menos. Mas então sou eu que tenho medo. De não conseguir dizer senão outra coisa, se bem que próxima, e te conduza inevitavelmente ao engano. Então digo-te uma coisa qualquer para avaliar do teu estado de espírito e chego à conclusão que ainda não é tempo. Por vezes creio que já te disse sem querer, por outras palavras. Tu não ouviste ou não achaste necessário prestar atenção e esforçares-te a responder. Sim, é isso, se calhar é isso. É uma coisa para te dizer depois, quando já não estiveres aqui ao meu lado para a ouvires. Uma coisa do tipo: quando me quiseres eu já não vou estar aqui para te querer."
Zip_Road_over_Leather_Mountain_by_lobegrinder in www.deviantart.com

Ao alto, a curva do desejo desenhou o eixo de rotação da minha vontade.

O campo magnético da carne foi polarizado para outras bandas, a uma velocidade refráctil de um sopro por segundo.

A velocidade dos ventos também se alterou, em especial nas zonas altas.

Subiu a temperatura interna e o peso líquido.

As acções estão em alta.

Time_is_Money_by_amour_etranger in www.deviantart.com

no mealheiro dos sonhos ' todos os segundos contam ' quando se mata tempo ' de espera prolongada ' na memória curta de peso e medida ' na hora da despedida ' nua de enfeites
___Liquid____by_Liek in www.deviantart.com

Com a tristeza líquida que pinga do meu peito, esculpiste na mais dura rocha do meu jardim, este amor glacial.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Ouvi Dizer

Ouvi dizer que o nosso amor acabou
Pois eu não tive a noção do seu fim
Pelo que eu já tentei
Eu não vou vê-lo em mim
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem
E ao que eu vejo
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi
E eu fiquei com tanto para dar
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva

E pudesse eu pagar de outra forma

Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã
E eu tinha tantos planos pra depois
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós
Sem tirar das palavras seu cruel sentido
Sobre a razão estar cega
Resta-me apenas uma razão
Um dia vais ser tu
E um homem como tu
Como eu não fui
Um dia vou-te ouvir dizer

E pudesse eu pagar de outra forma
Sei que um dia vais dizer
E pudesse eu pagar de outra forma

A cidade está deserta
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura
Ora amarga! ora doce
Pra nos lembrar que o amor é uma doença
Quando nele julgamos ver a nossa cura

Ornatos Violeta, in Monstro

sexta-feira, janeiro 05, 2007

killing thoughts by hellion-at in www.deviantart.com


Em cada palavra que escrevas junta-lhe o sentido de ver, cheirar, ouvir, tocar e de saborear o trago de imaginação sorvido pela folha.

Permite-te ao prazer de te perderes entre as letras que te consomem, pois se olhares, atentamente, encontrarás, entre vírgulas, o mapa da tua alma vadia.


Viva_Las_Vegas in www.deviantart.com

Entre as brumas do castelo, consigo avistar as fronteiras do mundo conhecido pelos meus pares.



Eu quero ver mais longe que a sombra do astro, quero passar a linha do horizonte longínquo e explorar o profundo do meu ser vazio.



Ouvi falar de um poço, numa terra desconhecida, que dizem que concretiza desejos se para lá atirarmos uma moeda.



Se tivesse tesouros, poderia dar a todos os que sonham um pedaço de céu.



Se algum dia me perder na busca desta cidade perdida e desconhecida, não me procurem. Ou estarei perdida também, ou então não quis voltar. De entre as duas, reservo-me ao direito de escolher, se assim for necessário.
TimeGlow_by_BellZ in www.deviantart.com

----o comboio do tempo segue atrasado dois saltos e meio dedo de testa alta e cheia de presunções são como a água benta, cada um toma a que quer e a que lhe souber melhor----
your_favorite_color_by_suzi9mm in www.deviantart.com

De há uns tempos para cá activei os meus instintos canibais, perdidos algures no processo evolutivo dos usos e costumes da minha tribo.

Consumo-me, criteriosa e comedidamente, de forma a não ficar oca. Ao mínimo indício do vazio, desvio a minha atenção para a carne alheia, escolhendo com cuidado e carinho a minha próxima refeição.

Por vezes, vomito inquietações e alguns sentimentos mais amargos que entorpecem a carne e tornam-na indigesta.






the_midnight_disease_byfreakingMuse in www.deviantart.com


Tenho um amor de rosa esquadro


e dois dedos de conversa


que guerreiam com


os seus pares de dança, entre as paredes


de betão solvente e de espuma


inócua e incómoda de sentido e


de sentir



quinta-feira, novembro 30, 2006

Paranoia__by_niGHTpiSces in www.deviantart.com

Estilhaços. Areia e fogo fátuo e incerto da vitória sobre a têmpera e a vontade natural das máquinas de fazer sonhos e algodão doce à força industrial do artifício da escolha múltipla personalidade do vidro colorido em vão de escada rolante de acesso de raiva fútil e oportuno de interesse pelo movimento vítreo e incandescente no interior da bola de cristal.
Un_Decided_by_gilad in www.deviantart.com
Sei de fonte segura e ensimesmada no espaço-tempo de um pé de dança e um jogo de separação das águas duras de roer de inveja as entranhas da razão de ser absurda que precedeu à observação dos factos e das hipóteses descontraídas pressurizadas na cápsula espacialmente circunscrita à tua memória.
Sei de fonte segura que amanhã vão chover promessas"!"!"!"!
Follow_your_heart_by_gilad in www.deviantart.com


A cada passo uma descoberta no lado esquerdo do coração que bate mais depressa que o mecanismo do tempo encrustado nas pedras da calçada da minha vida inerte e inútil peso morto na esquina da rua perpendicular ao beco sem saída [síncope]---/\/\/\procuro nos intervalos da linha contínua do plano transversal do mundo feito por encomenda e com a devida antecedência da morte suspeita de
lançar a primeira pedra de sal na terra onde as maçãs caiem do céu e onde as lágrimas configuram o labirinto das sombras do desejo
de te segredar entre os lábios:
Adoro-te